Ensinar é artesanato científico

Susane Lancman

Nossa primeira aprendizagem se dá segundos após o nascimento; quando ainda presos ao cordão umbilical damos a primeira respiração, mas há quem diga que mesmo no útero materno acontecem outras aprendizagens. Enfim, é difícil precisar a gênese deste processo, mas sabemos que o ato de aprender perpassa toda a nossa existência. 

Na maior parte dos casos a respiração acontece naturalmente, entretanto em alguns há necessidade de manobras por parte de quem acompanha o parto para que o neném consiga fazer entrar o primeiro sopro de ar no  pulmão. E há ainda, mesmo na vida adulta, momentos em que precisamos de ajuda para respirar, tal como vivi anos atrás em que uma aluna em um episódio de  crise de ansiedade dizia desesperada “como é mesmo que se respira? Me ajuda! Esqueci!”

Aprender nem sempre é um ato “natural”. Na verdade, na maior parte das vezes exige agentes externos para apoiar o processo de aprendizagem, ainda mais quando se trata de aprender o arcabouço de conhecimento construído pela humanidade ao longo da história.  Desta forma é necessário muitos conhecimentos e técnicas para ensinar de modo que os estudos tenham sentido para os aprendizes, o que é a busca eterna dos educadores  em seus percursos profissionais.

Assim, iniciamos na Casa da Amizade nos dias 8, 9, 10 e 11 de janeiro estudando dois temas: como ensinar matemática de modo que a aprendizagem seja significativa  e como gerenciar a sala de aula para que se torne um ambiente cada vez mais propício para as aprendizagens.

Dada a complexidade do ato de aprender, é preciso estudar os pesquisadores de diferentes lugares do mundo que se debruçaram e se debruçam nos mais variados temas relacionados ao processo de ensino e aprendizagem.  Sabemos que há muita ciência no ato de ensinar, mas sem dúvida continua sendo um trabalho artesanal no sentido que  lidamos com gente e há que considerar as singularidades de cada aprendiz, além do próprio educador. 

Seguiremos estudando e aprendendo durante toda a vida, especificamente na Casa da Amizade o estudo possibilita que a prática dos educadores seja cada vez mais eficaz, tornando o ato de aprender das crianças e jovens  mais prazeroso e significativo.

Para mim foi um enorme prazer ter participado dos 4 dias dos cursos junto com uma equipe comprometida e séria. Aprendi muito, afinal como diz Guimarães Rosa no Grande Sertão “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.